18 de agosto de 2010

Pesquisa/Promoção

O Educart pesquisa!

O que você gostaria de ver postado aqui em nosso blog?!

Comente e nos diga que tipo de informação, atividade e/ou notícia você quer ver!

Seu comentário e sugestões valem uma aula experimental, intereiramente gratuíta, dentro dos cursos e horários que oferecemos!

Promocão válida por tempo indeterminado!

14 de agosto de 2010

Distração e Indisciplina ou Déficit de Atenção?

      Professores precisam aprender a identificar os sintomas do TDAH, já que é na escola que a doença se torna mais aparente.

Por Katia Brembatti, da sucursal.

      PONTA GROSSA - “Nem todo mau aluno é preguiçoso ou incapaz. Pode ser um caso de TDAH.” É com esse argumento que o neurologista Carlos Henrique Camargo procura chamar a atenção de professores para uma doença que muitas vezes é tratada em sala de aula como distração ou indisciplina. No projeto Turbulência, ele treina docentes para identificar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Nos últimos dois anos, pelo menos 200 professores de Ponta Grossa já receberam informações sobre o distúrbio.
      O médico conta que além de muitas vezes não conhecer a doença, alguns descobrem que passaram toda a infância e a adolescência e chegam ao magistério sem saber que eles próprios têm a deficiência nas neurotransmissões. “Sempre tem um que levanta a mão, no fim do curso, e diz: ‘e o que fazer se só adulto a gente descobre que tem isso?’”, diz. Camargo reforça que essas situações mostram que os portadores de TDAH são indivíduos normais e que não são poucos os casos de pessoas que passam a infância e a adolescência se sentindo incompreendidas e sofrem até chegar ao diagnóstico – que mostra a ausência de substâncias no cérebro essenciais na troca de informações entre os neurônios.
      A forma errada de lidar com o distúrbio leva a ações desastrosas na escola. “Teve uma que colocou todos os alunos com TDAH em uma única sala. Aquilo era uma loucura. Nenhum professor queria entrar lá. E vai contra a tendência de inclusão. Os alunos precisam ter exemplos, devem sentar separados dentro da sala e sempre na frente”, explica.
     
      Medicação
      Assim como há os casos em que alunos com TDAH são tratados como preguiçosos ou incapazes, existem situações em que pais e professores acreditam que basta dar remédios a estudantes indisciplinados e tudo será resolvido. “É preciso saber discernir. Por exemplo, depressão é diferente de tristeza”, pondera Camargo.
      A neuropediatra Laís Regina Rocha de Carvalho também se preocupa com o superdiagnóstico de TDAH. “Não dá para sair por aí dando remédio pra todo mundo”, diz. Ela enfatiza que em alguns casos se trata simplesmente de imaturidade. “Cada criança tem seu tempo”, lembra. Para Laís, em alguns casos a mudança de atitude de pais e professores é suficiente para modificar o rendimento do estudante. “Tem que ver se os professores investiram no aluno, se o estudante senta na frente, se tem rotina de estudo em casa, se foram feitas tentativas de mudar a estratégia de ensino”, aponta.
      Laís ressalta que se há um problema nas transmissões neurológicas, isso não se dá apenas em um ambiente ou em situações isoladas. “Não existe criança que tem TDAH só na escola. O comportamento será o mesmo em todos os lugares”, ressalta.
      Mas é importante que os professores saibam identificar os sintomas de TDAH, porque é na escola que a doença se torna mais aparente. “E os sinais não devem passar despercebidos”, salienta Camargo. Uma pesquisa nacional, feita por médicos em 2007, mostra que na maioria das vezes já é o professor que percebe que a criança tem TDAH. O mesmo levantamento indica, porém, que eles têm informações superficiais sobre o assunto e que esse desconhecimento contribui para dificuldades no diagnóstico e no tratamento. “Atenção é o que pode estar faltando a quem tem TDAH”, reforça.
      A pedagoga Denise Weigert, 46 anos, tem experiência profissional e também pessoal sobre TDAH. “Nunca fui entendida pelas pessoas. Elas me achavam muito agitada”, conta. Denise foi procurar ajuda, descobriu que era portadora e faz tratamento há oito anos. “Até então eu só sofri”, relata. Hoje ela se “usa” como exemplo, mostrando aos pais que as pessoas com TDAH podem, sim, estudar e até concluir uma faculdade, mas que quanto antes identificarem e tratarem o problema, mais cedo terão uma vida melhor.
      Depois de saber que era portadora do transtorno, a pedagoga decidiu procurar ajuda médica para auxiliar os funcionários da escola onde atuava a perceberem os sintomas. Os professores se incomodam com os alunos que são agitados e não param sentados. Eles não entendem essas crianças”, salienta. Mas Denise reforça que essa atitude é fruto da falta de conhecimento sobre o assunto. “Os professores não têm culpa. Eles apenas desconhecem o problema”, diz.

      Diagnóstico
      O distúrbio já é conhecido há cerca de 100 anos e tem diagnóstico clínico, com base num protocolo (espécie de questionário). A avaliação envolve pais, médicos e professores. Camargo afirma que o ambiente escolar é muito importante no tratamento, que só funciona se houver respaldo na escola. As tarefas precisam ser ajustadas e a individualidade, respeitada. E as regras devem ser apresentadas de forma bem clara e objetiva. “Preferencialmente, de forma visual, de modo a fixar o que se espera do aluno”, indica. O professor é estimulado a abrir exceções, como aceitar só a metade da tarefa ou mesmo respostas orais. “É essencial saber que muitas crianças com TDAH não respondem bem nem mesmo aos melhores tratamentos. Por isso é importante ter muita paciência e perseverança”, informa. O médico destaca que os portadores de TDAH apresentam características positivas, já que geralmente têm criatividade aguçada, muita sensibilidade e forte senso de intuição.
     
      Mãe lamenta falta de apoio
      Em 2008, Eduardo Staroi, 16 anos, passou de série pela primeira vez sem recuperação. Além das notas abaixo da média em todos os anos anteriores, foram duas reprovações. A mãe, Rosicler Suarez Staroi, entrou em desespero e procurou ajuda médica porque achou que o filho tinha dislexia. Mas descobriu que a dificuldade dele em se concentrar nas atividades escolares era um sintoma do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). “O diagnóstico foi rápido, e ele melhorou muito desde que começou o tratamento. Hoje é outro piá”, diz.
      Rosicler lamenta que tantos anos tenham passado até que o problema fosse identificado. “Nunca ninguém me orientou. Os professores só me chamavam para reclamar que ele era bagunceiro, que tirava a atenção dos outros, que não queria nada com nada”, conta. A mãe afirma que alguns professores chegaram a dizer que o rapaz deveria abandonar a escola e não aceitaram rematriculá-lo. Com o relato, ela mostra que sentiu na pele a consequência do desconhecimento que os docentes têm sobre o TDAH. “Eles só diziam que o piá aprontava, mas não me ajudavam.”
      Com mais dois filhos, Rosicler percebeu cedo que Eduardo era diferente dos irmãos: sempre foi distraído. Mas ela chegou a achar que era só uma questão de personalidade. Foi quando começou o período escolar que a mãe percebeu que o jeito impaciente do menino traria dificuldades. Tratado como “aluno-problema”, Eduardo passou a ter ódio da escola. “Eu mesma achava que ele era preguiçoso. Não sabia que era uma doença”, admite. Eduardo foi diagnosticado com o TDAH do tipo combinado de desatenção com impulsividade. “Agora ele saiu do buraco. Melhorou a autoestima e está bem”, conta a mãe. (KB)

      Saiba mais
      O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância. Afeta 5% das crianças e 2% dos adultos (os sintomas diminuem com o passar do tempo).

      Conhecimento
      Mesmo com uma incidência alta, 91% da população brasileira nunca ouviu falar em TDAH, segundo uma pesquisa feita por médicos. Entre os professores, o cenário se inverte: 87% afirmam saber da existência do transtorno, mas eles têm dificuldade de identificar os casos e não reconhecem que se trata de um distúrbio nas neurotransmissões.

      Tipos
      O transtorno pode se manifestar apenas com sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade ou combinando reações das três vertentes. O distraído evita tarefas que exijam concentração, tem dificuldade de organizar tarefas, erra por descuido, parece não escutar, perde coisas e não termina tarefas. O hiperativo agita mãos e pés ou se mexe na cadeira; tem dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer e fala em demasia. O impulsivo freqüentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas e apresenta dificuldade em esperar sua vez.

      Consequências
      Baixo desempenho escolar/profissional; dificuldade de relacionamento; baixa autoestima; maior probabilidade de repetência escolar; demissões; trocas de empregos; precocidade na vida sexual; gravidez na adolescência; transtornos psiquiátricos; abuso de drogas; depressão.

Fonte:http: //www.gazetadopovo.com.br/ensino/conteudo.phtml?id=863145