28 de setembro de 2011

Aquisição e Desenvolvimento da Leitura

A Construção do Leitor (0 a 3 Anos)
O leitor começa a se construir ainda bebê, na própria casa e na rotina familiar. Quando vê alguém folheando páginas, interessa-se, já demonstrando prazer e curiosidade. é através do som e do movimento das folhas sendo passadas que ele, pela primeira vez, se aproxima da leitura. Também será atraído pelas cores das imagens. Quando começa a perceber figuras e identificar cenas familiares, já é um leitor em construção. É comum, nesse momento, que amasse e rasgue as páginas. é também quando, delicadamente, deve-lhe ser ensinado o cuidado com o livro, sem que este seja tomado de suas mãos.
Na escola maternal, os livros devem ter apoio na imagem. Ainda é a fase da não leitura, quando a criança gosta de ouvir histórias de sua vida. Demonstrando suas primeiras noções de identidade, gosta de se reconhecer como herói e de reconhecer tudo o que lhe é familiar, como seus brinquedos e objetos. Aos poucos deixa de aceitar coisas muito simples, quer detalhes curiosos e engraçados. Através das figuras do livro, ela começa a inventar histórias. Também gosta de ouvi-las, contadas ou lidas, desde que sejam curtas e referentes à sua própria experiência.

O Leitor da Educação Infantil (3 a 6 Anos)
Nessa fase, a construção do leitor se acentua. Ele é capaz de selecionar os livros que o atraem. Continua gostando de ouvir histórias e gosta de repetição de suas preferidas. Aos 3 anos, ainda vive o jogo do exercício (isto é, a repetição de ações,na qual otém o prazer advindo da situação). Os livros continuam a interessá-lo através do reconhecimento de suas vivências. É o que procura na história e na imagem, não se interssando ainda por sit~uações novas. O esquema coproral o fascina, pelo reconhecimento do próprio corpo. Por volta dos 4 ou 5 anos, entra na fase dos jogos dramáticos. Passa a gostar de personagens e animais, a se interessar pelos fenômenos da natureza, como a chuva ou o vento. Frases que repetem elementos (como nas histórias cumulativas), sãos onomatopaicos são de seu agrado. Procura histórias de circo, zoológico, bichos de estimação. Meios de transporte, locais, profissões, desde que se relacionem com ele e com sua vida, também o interessam. Passa a apreciar as travessuras dos personagens e é atraído, em histórias ainda singelas, por alguns conflitos como o do gato e o rato e Chapeuzinho e o Lobo.
No final dessa fase, já está em contato com a alfabetização. está tentando ler e deve ter à disposição livros simples e fáceis, onde possa fixar suas habilidades ainda precárias. Esses livros - que manuseará sozinho - devem ter letras ou tipos gráficos grandes, frases curtas e estruturas gramaticias simples. Mas ao mesmo tempo é um ouvinte de histórias, que o professor lê para ele. As histórias lidas pelo professor - numa etapa ainda inicial da leitura compartilhada - não precisam ter tipos gráficos ou letras grandes, nem frases tão curtas. Mesmo palavras mais difíceis não devem ser evitadas, nesse leitura intermediada. é uma maneira de ir a criança se familiarizando com a língua escrita e o padrão culto da linguagem. Nessa fase, interessa-se por mitos e fantasias, como bruxas, fadas, duendes e gigantes. por outro lado, gosta também de máquinas (computadores, TV, máquinas malucas), vendo a máquina como instrumento que muda e transforma as coisas. Em geral, desde os cinco anos, já tem noção do universo (planetas, seres extraterrestres) e já se aproxima de algum tipo de ficção científica.

O Leitor dos Primeiro, Segundo e Terceiro Anos (6 a 8 Anos)
A crinaça ainda está na fase inicial da leiturização. Mesmo no segundo ano, não é um leitor autônomo. A leitura pode ser embaraçada se o contexto e/ou as imagens não apresentarem pistas suficientes para a apreensão de palavras ou expressões não familiares ao leitor.
Nessa faixa de idade, já gosta de aventuras, conflitos que pressupões personagens antagonistas, desafios, histórias de medo e sustos, quanod o medo deve ser superado. Aprecia o humor sadio e mergulha, a partir dos 8 anos, na idade de outro da fantasia. é quando mais se fascina com histórias maravilhosas.

O Leitor do Quarto e do Quinto Ano (8 a 10 Aos)
Sua leitura já é sintática. É capaz de ler e compreender porções complementares de textos de leitura fácil. O apoio da ilustração ainda é importante.
A criança começa a se interessar por ecologia e problemas sociais. Já curte temas mais tristes e românticos, embora precise sempre de ter reforçadas sua esperança e a celebração da vida. É nessa fase que começa a se diferenciar o gosto de cada um dos sexos. Meninas se ligam mais em histórias de princesas e nos temas de amor. Meninos se inclinam pelos esportes, aventuras com mais ação, ficção científica.

O Leitor do Sexto e do Sétimo Ano (10 a 12 Anos)
É a fase do desenvolvimento da leitura, passando da leitura sintática para a crítica. Já deve haver maior extensão e complexidade dos textos.´Pré-adolescente, é atraído pelos temas ligados a esse momento que vive: a passagem da infância para a adolescência, que acontece mais precocemente com as meninas. Eles ainda gostam de ação e aventura, e as garotas são mais adeptas das histórias de amor. os garotos, nessa idade, também são sucetíveis ao tema, mas resistem a um tratatmento açucarado. Problemas sociais, principalmente quando podem localizá-los no seu dia a dia, merecem sua reflexão.

O Leitor do Oitavo e do Nono Ano (12 a 14 Anos)
Já é capaz de realizar a leitura crítica. Assimila ideias, que elabora a partir da própria experiência em confronto com sua leitura. Conflitos, de natureza psicológica e social, proporcionam debates e posicionamentos do jovem frente à vida e ao mundo. Pode, aos poucos, ser apresentado a uma literatura de teor mais adulto e contemporânea, evitando-se textos mais herméticos e que exijam uma maturidade e uma experiêcia que ainda não detém. Às vezes, um livro de que o professor tanto gosta, pessoalmente, ainda não vai interessar a maior parte de seus alunos. É preciso esperar o momento adequado para que o objeto da simpatia do professor não se torne o da antipatia de um aluno ainda não preparado para o seu pleno desfrute. O leitor de mais de 14 anos está, em tese, capacitado a uma leitura crítica e independente.
Progressivamente, deve ir sendo apresentado à leitura adulta e, cuidadosamente, aos textos de nossos autores clássicos. Os gêneros da narrativa devem ser familiarizados através de sequência crônica - conto - novela - romance. Os poemas devem ser introduzidos a partir de autores contemporâneos e que falem do quotidiano ou dos sentimentos universais.

Fonte: Catálogo Editora Dimensões 2011/2012

Promoção da Leitura na Escola

Indicação de Leitura
É prática comum, em nossas escola, a indicação pelo professor de um livro para uma leitura bimestral, acompanhada de uma série de atividades. Essa leitura coletiva permite uma base comum a todos os alunos, principalmente quando seguida de debates, que proporcionam a troca de experiências, muitas vezes, como projeto interdisciplinar.
Para que a escolha não seja vista como imposição do professor, obrigação que prejudica o prazer de ler, é aconselhável ter em conta os interesses dos alunos, ou pelo menos da maioria. Os alunos podem opinar ou participar dessa escolha, a partir de uma apresentação pelo professor de dois ou mais títulos, pela leitura de trechos ou um resumo da situação tratada. Tendo sua opinião levada em conta, a classe se sentirá mais motivada.
É interessante que a atividade proposta em função da leitura seja feita em grupos, com uma participação cada vez mais envolvente do aluno. Algumas sugestões: teatralização, maquete, mapas dos locais de ambientação da história, produção de textos (modificando o final da história ou transpondo-a para outra época ou lugar), transformação dos fatos tirados do livro em um jornal, sob a forma de reportagens, artigos, entrevistas fictícias com os personagens.
Além dessa indicação de obras para a leitura mais coletiva, é importante que o professor estimule a leitura autônoma e de escolha livre e pessoa, com o objetivo de pura ficção, e para o qual são planejadas atividades bem mais livres, de conversação, ou outras de escolha do aluno.

Biblioteca da Escola
Além de ajudar o launo a desenvolver de estudo e eampliar seus estudos através de pesquisas, a biblioteca deve também proporcionar prazer. é aconselhável que tenha uma decoração alegre e convidativa, para que as pessoas gostem de estar ali. Painéis e cartazes devem mudar continuamente. Uma sugestão é acompanhar os acontecimentos importantes do calendário. Os próprios leitores podem participar dessa decoração, envolvendo a aula de Arte.
A biblioteca é o mehor lugar para se desenvolver o encontro interdisciplinar. Gincanas podem ser promovidas, a partir de certos temas, em que as respostas para as quetões do concurso estejam em determinados livros que o bibliotecário e os professores escolherão conjuntamente e deixarão bem visíveis para os concorrentes. Um exemplo: na comemoração do dia do Índio, serão separados os livros de História, Geografia, Literatura e mesmo obras de referência, como as enciclopédias. O professor de cada matéria propões uma questão, cuja a resposta está num desses livros. O professor de arte avalia desenhos ou pinturas sobre o tema, que também seriam sugeridos por uma leitura ou consulta a um livro de artes.
Também na biblioteca, a criança deve ter um livre contato com os livros. Deve ser estimulada a manuseá-loes, mesmo quando ainda não lê.
Os pequenos, acompanhados do professor, devem ter um momento de atividade na biblioteca. O professor lê para eles alguma história do interesse daquela faixa de idade. O bibliotecário também deve aprender algumas histórias suficientemente boas e envolventes e contá-las para os menores, instituindo a Hora do Conto.
A biblioteca, além dos momentos de recolhimento para a leitura individual, pode se transformar num centro de animação. filmes extraídos de obras literárias, vídeos sobre livros e a leitura podem ser utilizados na Semana do Livro ou da Biblioteca. Convidados podem vir conversar com leitores: escritores, ilustradores, editores, atores, pessoas que manipulem fantoches ou façam oficinas de leitura ou de atividades ligadas ao livro (dobraduras, massas de modelar etc.).
Uma boa biblioteca deverá envolver toda a comunidade escolar. Na medida do possível, deve ter também livros para os professores (de atualização e também de interesse geral), para os funcionários e para os país.
Uma atividade para aqueles alunos que espontaneamente procuram a biblioteca e já adoram ler: criar, nas horas de recreio, a figura do alno estagiário. Ele será um auxiliar do bibliotecário. Fará empréstimos, poderá sugerir leituras aos outros, participar da organização das exposições e dos painéis.
A biblioteca pode e deve ser um lugar onde pulsa vida, algo assim como o próprio coração da escola.

Cantinho de Leitura
Sempre que possível, é interessante que a turma conte com o Cantinho de Leitura, ao qual cada aluno tem acesso em qualquer momento livre. Essa oportunidade de folhear os livros, ler segundo seu tempo e seu gosto, é fundamental para a relação da leitura com prazer e liberdade.
Continuamos a dizer que a leitura se instala na vida das pessoas sobretudo na medida em que os livros e outros materiais de leitura estejam perto de seus olhos e de suas mãos.
O Cantinho da Leitura é uma boa estratégia para conseguir esse aproximação da criança com o livro.

A Poesia e o Teatro - Essenciais Também para a Criança
Na prática escolar, a presença da narrativa (histórias) é infinitamente superior à destes dois gêneros: poético e dramático.
A poesia e o teatro, no entanto, têm função importante na organização das experiências literárias das crianças.
Sobre a poesia: é um gênero que tem muito a ver com a própria criança, pela musicalidade e pelas metáforas. Além disso, é um gênero que evoluiu muito, apresentando hoje um componente de humor, ao lado do lirismo - o que agrada ao público infantil.
Quando o professor acha que a criança não se interessa por poesia, parece-nos que é o adulto que é quem tem dificuldade de entregar-se à experiência poética. O bom da poesia é que, para a criança especialmente, os elementos dela são favorecedores da leitura e da emoção.
Sobre o teatro: basta o leitor familiazrizar-se com as rubricas (informações e orientações do autor para facilitar a representação do texto) e perceber que elas funcionam como uma fala diferente de um narrador que não existe, e tudo fica fácil. Por serem todas dialogadas, as peças são ainda excelente experiência em torno da linguagem oral. Além disso, as peças que publicamos, pelo humor e simplicidade, prestam-se até a representação dos alunos, orientados por arte-educadores.

Temas Transversais
A grande característica da obra de arte é possibilitar muitos enfoques, decorrentes das experiências e da visão de mundo de cada leitor.
Quanto mais significativa uma obra, mais ângulos diferentes ela tem e mas reflexões propicia ao leitor.
Por isso, toda obra de arte (e sobretudo a literatura) é sempre transversal.
É fundamental que a escola ofereça aos alunos a oportunidade de contato com os mais diferentes gêneros (literários ou não), para que as habilidades de ler e de escrever se desenolvam plenamente.
É certo que muitas vezes a obra pode apresentar uma fusão de gêneros. É certo também que, na nova concepção de linguagem, os gêneros são quase infinitos. Mas uma classificação a partir de predominâncias é sempre possível.

A Questão da Faixa Etária
Propomos quatro grandes faixas de leitores: a) de Educação Infantil até o terceiro ano; b) de quarto e quinto ano; c) do sexto ano ao nono ano e d) Ensino Médio.
Mesmo criando apenas quatro faixas, sabemos que muitas obras de uma faixa podem perfeitamente ser utilizadas em outa, porque isso depende não só da experiência de leitura da criança como também das estratégias a serem adotadas na mediação de leitura de determinada obra. Por exemplo: uma história talvez difícil para a criança ler autonomamente pode muito bem ser ouvida e lhe ser extremamente agradável.
Outro ponto interessante ocorre com as histórias de imagens. São excelentes para os pequenos ou em fase de alfabetização, mas são extremamente interessantes para os alunos que já leem: a leitura da imagem evolui tanto quanto a do texto verbal. Portanto, podem e devem ser aproveitadas para crianças maiores. Do mesmo modo, muitas obras indicadas para o quinto ano podem proporcionar uma leitura muito agradável para os alunos do sexto ano. Ou pode ocorrer o contrário. Por isso, não descarte sem avaliação livros aparentemente aquém ou além da leitura dos alunos.

Fonte: Catálogo Editora Dimensão 2011/2012. COM ADAPTAÇÕES.