10 de novembro de 2011

Luto Infantil

Como dizer à criança que uma pessoa morreu, principalmente se esta for muito próxima?

Este ano de 2011 ocorreu a maior tragédia climática do país, quase mil pessoas morreram em consequência da grande chuva que caiu sobre a região serrana do Rio de Janeiro. Através dos noticiários vimos pessoas desesperadas que perderam casas, outros bens e o pior, perderam entes queridos. Ficamos com o coração apertado apenas de ver as cenas do sofrimento destas pessoas acometidas por essa tragédia e são nesses momentos que percebemos que somos tão vulneráveis e um dia a morte virá para todos.
Para nós adultos não é fácil o processo do luto e para a criança? Como dar a notícia de falecimento de algum ente querido para ela? É indicado levá-la ao enterro? como a família pode ajudá-la? Estas e outras perguntas serão esclarecidas através desse artigo para que possamos estar preparados e bem orientados nesses momentos difíceis nas nossas vidas.

Como dizer à criança que uma pessoa morreu, principalmente se esta for muito próxima?
Quando uma morte ocorre a informação deve ser dada à criança por uma pessoa que tenha uma história de envolvimento e confiança com ela (o pai, a mãe, um tio ou uma tia próximos), assim, a criança se sentirá mais segura e receberá o acolhimento necessário.
A informação deve ser dada de forma verdadeira, simples e direta. É um momento muito difícil e, portanto, pode ser dito entre lágrimas, pois com este gesto a criança vivenciará seu luto junto ao dela. A família pode e deve expressar a tristeza nesta situação dizendo frases como "estou muito triste porque papai/mamãe/vovô morreu". Desta forma, a criança aprenderá a expressr seus sentimentos.
Lembre-se caso a criança tiver dúvidas é imprescindível responder às questões o mais simples e honestamente possível. Porque se você diz para uma criança pequena que "o vovô está dormindo para sempre", ela pode passar a ter medo de dormir. Estas histórias não respondem a dúvida da criança o que pode prejudicá-la, pois ela poderá fantasiar nesta lacuna o que não foi dito. Se a pergunta for "mamãe, o que aconteceu com o titio que morreu?" você pode responder de acordo com sua crença ou religião, o que gerará conforto para a criança.

Como a criança pode reagir diante da morte de um ente querido?
Quando a criança perde uma pessoa querida de sua família ela fica triste, confusa. O importante é que, passado este momento de crise, ela volte a sentir-se segura e bem cuidada. Pode ocorrer que, nas semanas seguintes à perda, a criança sinta grande tristeza ou siga acreditando que o familiar que morreu permanece vivo, principalmente se ela for bem pequenina.
Outras reações que a criança pode demonstrar são: inicialmente negar que a morte ocorreu; tornoar-se agressiva, irritadiça ou culpar a pessoa que mrreu, por deixá-la; pode ficar deprimida ou regredir no comportamento de acordo com sua idade; tornar-se hostil ou pode temer ou desejar a morte. Um comportamento também comum é o medo dos pais ou responsáveis morrerem, por isso pode ter pesadelos, medo de ficar sozinha, pois na verdade pode existir o medo de ser abandonada. Ressalta-se que se estas manifestações persistirem é importante levá-la ao psicólogo, principalmente se a criança apresentar concomitantemente dificuldade de aprendizagem, isolamento social e psicossomatizações.

Como a família pode ajudar a criança nesse processo do luto?
A reação da criança ao luto está bastante relacionada com a forma que os pais ou pai sobrevivente e outros parentes abordarão esra questão com ela nas semanas e meses que sucederão a perda. O esclarecimento das dúvidas da criança, o diálogo honesta e aberto irá passar a segurança que a criança precisa.
A criança também tem a necessidade de enlutar-se para aceitar que essa perda ocorreu e continuar a vida. Por isso, deixe que a criança chore e expresse sua tristeza. Mostre que é permitido falar sobre a pessoa que faleceu, mesmo quando a criança é muito pequena. Acompanhe a criança dando muito amor, diga que daqui um tempo essa tristeza vai passar e dará lugar à saudade. Vivenciem o processo de luto.

A família sem querer pode dificultar o processo de luto da criança?
Infelizmente sim. Quando o adulto oculta dela a verdade sobre a morte, pode deixá-la confusa e desamparada, pois possivelmente perceba que algo acontecceu e que todos estão agindo de forma diferente.
Outra atitude que dificulta o luto infantil é quando os familiares da casa não expressma seus sentimentos de tristeza e pesar. Muitos acreditam que "não podem chorar perto da criança", dessa maneira a criança~pode pensar "ninguém está triste pela morte da minha mãe", além desse tipo de pensamento quando a criança quiser chorar ela poderá se sentir mal, pois "ninguém chora na casa, então também não devo". Uma vez que a criança não expressa seus sentimentos pode haver uma psicossomatização, as mais comuns são: dermatoses, dores e cabeça e dores abdominais.
O contrário também é prejudicial. Pais ou o sobrevivente responsável pela criança que chora na maior parte do tempo, ao ponto de não conseguir passar afeto e segurança, que deixar de fazr as atividades diárias e atividades sociais por se sentirem muito tristes, etc. Neste caso é ondicado um acompanhamento profissional para que esse adulto seja tratado e não prejudique o luto da criança.

Devemos levar a criança ao enterro?
Depende da idade. Criança pequena não é aconslhável ser levada ao enterro, principalmente se o enterro for um acontecimento com pessoas bastante emotivas, gritando, havendo desmaios e muita comoção, isso poderá ssutá-la e não será uma experiência psicológica proveitosa.

Considerações Finais
A morte faz parte da vida. Ela é um evento natural e inevitável. Aprendemos muito no processo de leaboração do luto e a criança também te essa oportunidade. Aquela tristeza tão profunda aos poucos passará e dará lugar ao pesar e a saudade. A dor passa e essa certeza nos conforta. A vida precisa continuar, talvez de uma forma diferente, mas é necessário prosseguir. A criança faz isso muito bem. Depois deste desastre terrível já podemos veer as crianças novamente brincando, sorrindo e dia a dia superando. Vamos aprender a prosseguir.

Jaqueline Pinto - Psicóloga - Revista Planeta Kids - Junho de 2011. (COM ADAPTAÇÕES)